14 de Janeiro de 2012

The last pamphlet.
OPTIC NERVE 12
Adrian Tomine, 2011
Drawn & Quartely
41 págs., tetracromia

Adrian Tomine era o menino-prodígio da banda desenhada alternativa americana, as histórias curtas introspectivas, com protagonistas diversos (tanto em género como faixa etária e estatuto social, que vem a desenvolver na Optic Nerve conseguiram alcançar notoriedade para que o artista tenha conseguido ilustrar para o conhecido The New Yorker, não que seja mais válido que fazer bd mas pelo menos tem mais prestigio (ver origem latina da palavra).
Neste número de Optic Nerve as coisas mudam, o comic está dividido em três secções (quatro se incluirmos a letter column), as narrativas são mais longas e há até um momento autobiográfico.
 Na primeira secção "A BRIEF HISTORY of the ART FORM KNOWN as "HORTICULTURE"" (págs. 05-23 ),Tomine diverge do que nos habituou, embora haja momentos de introspecção e análise em relação ao que é arte e o seu público-alvo, há uma aproximação em relação às daily strips dos jornais, tanto em conteúdo como em estrutura, aliás, na estrutura é flagrante, temos seis agrupamentos de quatro vinhetas cada, a preto e branco, que acabam com uma punchline e que, apesar de poderem ser lidas como uma unidade, permitem continuação para a unidade seguinte. Estas seis unidades (representativas dos seis dias da semana) são seguidas por uma página inteira, a cores, a emular as gigantescas sunday pages de outrora. O seu estilo de desenho está também simplificado, próximo do que vimos no "Scenes from an Impending Marriage: a prenuptial memoir", que parece ser agora o traço preferido do autor e que favorece a comicidade da história, para além de nos recordar de Peanuts ou Calvin and Hobbes.
 Na segunda secção "AMBER SWEET" (págs. 27-37), regressamos a algo mais típico, com traço mais apurado e limpo (e a cores!), acompanhamos uma coincidência que modifica a vida da protagonista e que, na minha opinião, se revela a menos interessante do comic mas que não deixa de ser visualmente bonita.
A terceira secção (págs. 40-41) é autobiográfica, nela a explicação do porque Tomine continua a usar o formato comic como meio de expressão. Enquanto que inúmeros dos seus colegas optaram pelo livro de capa dura, a opção estética (como tenta descrever antes de ser interrompido) é  discutida em duas páginas com exemplos de conversas e situações de carácter humorístico.
Adrian Tomine deixou de ser o menino-prodígio da bd alternativa americana impondo-se como referência pelo seu estilo de desenho acima da média e as suas personagens representativas de uma geração. Esta edição mais recente de Optic Nerve é uma homenagem ao que veio antes, seja historicamente (em relação à bd), seja pessoal (em relação ao passado do autor), que o reafirma como autor de comics mais que de graphic novels normalizadas de capa dura. Não é de admirar, há motivos para orgulho.

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