15 de Outubro de 2012

Vai estudar Relvas!
RASPA KIDS CLUB
Álex Fito
Ediciones Glénat, 2010
120 págs., tetracromia

Uma espécie de maçonaria para miúdos que morreram em circunstâncias trágicas, no Raspa Kids Club só entra a elite das crianças injustiçadas, sendo que a "elite" representa as que foram, de uma forma ou outra, vítimas dos seus pais.
O livro explora o mundo para qual são transportadas essas crianças, um parque de diversões distorcido pela morte. Álex Fito recorre a gags não muito sofisticados para dar-nos a conhecer a mecânica desse novo mundo e as relações que se estabelecem. O seu desenho, pelo contrário, é muito trabalhado na sua simplicidade, quase esquemático, denunciando, porventura, a influência de Chris Ware tanto nas representações do parque como nos pequenos textos que são interlúdio das bds. Em termos de cor, no mundo macabro do clube, as brincadeiras "inocentes" pertencem a um mundo colorido e suave e, no mundo "real", o preto e branco realça a situação infeliz das crianças.
As sequências mais eficazes são as que decorrem no mundo dos vivos, cuja temática é mais séria. Resumindo, nesses momentos da história são relatadas as vidas de cada uma das crianças, Nina com o papel principal, e como estas sofrem devido aos caprichos dos seus pais, sendo-lhes impossibilitada uma infância feliz ou normal, como preferirem. O momento alto, que bem poderia ser de filme de terror pela forma como foi composto (no sentido de composição de página, que embora não seja se calhar o termo mais correcto, não deixa de dar a entender o que quero dizer), vê Nina regressar à realidade dos seus pais no que parece ser um acto de vingança póstuma, quando nos é revelado que o que pretendia era resgatar o seu irmão in utero da mesma vida que viveu.
Se tem realmente momentos interessantes, estes infelizmente são escassos, e, embora tente ser inteligente, esta bd de Álex Fito desiludiu-me, embora bonita não tem substância.

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