"Yo, que detesto las simetrias, seria feliz viviendo aquí." |
Fermín Solís
Astiberri Ediciones, 2009
125 págs., P&B
Luís Buñuel é um dos mais conhecidos surrealistas e cineastas do século XX e, como outros da sua geração, a sua figura está envolvida numa mística difícil de ultrapassar.
Em 1932, desencantado com o movimento surrealista e frustrado por ser constantemente mal interpretado, decide fazer um documentário sobre as condições de vida em Las Hurdes, uma região da Estremadura Espanhola.
Esta bd de Fermín Solís acompanha o percurso de Buñuel do planeamento à concretização do documentário. Solís aproveita este momento relativamente curto da vida de Buñuel para explorar as suas motivações e inspirações e, através do recurso a sonhos e alucinações, permite-nos também ter uma noção da sua biografia restante.
O enredo é algo linear, seguimos Buñuel e a sua equipa na rodagem do documentário e, como eles, somos confrontados com a extrema pobreza dos hurdanos, mas, ao contrário do leitor, Buñuel, filho de famílias ricas e de reputação boémia, revela uma compreensão perfeita da situação. Esta discrepância entre atitudes dificulta simpatizar com a personagem principal, até que ponto esta compreensão não é ilusão dele? Mais, é com este mesmo à-vontade e naturalidade que enfrenta, nos sonhos e alucinações já referidos, arquétipos poderosos que fariam estremecer o comum dos mortais. Portanto, se calhar não é uma personagem com quem seja possível simpatizar, no significado etimológico da palavra.
O desenho de Solís é competente e faz lembrar o traço de Christophe Blain mas fica a perder com esta comparação. A opção pelo preto e branco pode querer espelhar a película de Buñuel mas, fica a sugestão, se se tivesse escolhido o uso de cores (em Paris) intercalado com o preto e branco (nas Hurdes) ajudaria a criar maior contraste visual e temático.
Resumindo, Buñuel en el laberinto de las tortugas aproveita um momento específico na vida de Buñuel para interpretá-lo como personagem na sua própria vida. É uma leitura rápida que, sinceramente, não teve muito impacto em mim como leitor. Contudo, atiça a curiosidade em relação à figura de Buñuel e à sua obra e, neste sentido, é muito eficaz.
Já agora, o título do livro refere-se às ruas que muitas vezes não davam a lado nenhum, como um labirinto, e às casas da aldeia retratada no documentário, cujos telhados faziam lembrar carapaças de tartarugas.
Em 1932, desencantado com o movimento surrealista e frustrado por ser constantemente mal interpretado, decide fazer um documentário sobre as condições de vida em Las Hurdes, uma região da Estremadura Espanhola.
Esta bd de Fermín Solís acompanha o percurso de Buñuel do planeamento à concretização do documentário. Solís aproveita este momento relativamente curto da vida de Buñuel para explorar as suas motivações e inspirações e, através do recurso a sonhos e alucinações, permite-nos também ter uma noção da sua biografia restante.
O enredo é algo linear, seguimos Buñuel e a sua equipa na rodagem do documentário e, como eles, somos confrontados com a extrema pobreza dos hurdanos, mas, ao contrário do leitor, Buñuel, filho de famílias ricas e de reputação boémia, revela uma compreensão perfeita da situação. Esta discrepância entre atitudes dificulta simpatizar com a personagem principal, até que ponto esta compreensão não é ilusão dele? Mais, é com este mesmo à-vontade e naturalidade que enfrenta, nos sonhos e alucinações já referidos, arquétipos poderosos que fariam estremecer o comum dos mortais. Portanto, se calhar não é uma personagem com quem seja possível simpatizar, no significado etimológico da palavra.
O desenho de Solís é competente e faz lembrar o traço de Christophe Blain mas fica a perder com esta comparação. A opção pelo preto e branco pode querer espelhar a película de Buñuel mas, fica a sugestão, se se tivesse escolhido o uso de cores (em Paris) intercalado com o preto e branco (nas Hurdes) ajudaria a criar maior contraste visual e temático.
Resumindo, Buñuel en el laberinto de las tortugas aproveita um momento específico na vida de Buñuel para interpretá-lo como personagem na sua própria vida. É uma leitura rápida que, sinceramente, não teve muito impacto em mim como leitor. Contudo, atiça a curiosidade em relação à figura de Buñuel e à sua obra e, neste sentido, é muito eficaz.
Já agora, o título do livro refere-se às ruas que muitas vezes não davam a lado nenhum, como um labirinto, e às casas da aldeia retratada no documentário, cujos telhados faziam lembrar carapaças de tartarugas.
Sem comentários:
Enviar um comentário