"You don't live nowhere at all, mate." |
Dan Abnett & I.N.J. Culbard
Vertigo Comics, 2012
152 págs., tetracromia
1910. Há 50 anos que a humanidade convive com monstros. Num mundo atingido por uma pandemia que transforma humanos em zombies, os influentes sujeitam-se a uma cura tão monstruosa como a doença.
Em “The New Deadwardians”, o Inspector-Chefe George Suttle vê-se a braços com a investigação do homicídio de um proeminente cuja causa de morte não se encontra entre as tradicionais da sua espécie, pois a cura a que se submeteram os ricos não é mais que o vampirismo e para essa condição conhecem-se bem as "soluções".
O que poderia ser o habitual embate hollywoodesco "vampiros versus zombies" é evitado de forma elegante. A ameaça iminente dos mortos-vivos é pano de fundo, a verdadeira história é a de Suttle, um homem que lida com a perda da sua humanidade.
Ao longo da investigação somos apresentados a uma sociedade dividida por mais questões que as financeiras. De um lado, na Zona-B, os trabalhadores de colarinho azul, que se manifestam para obter melhores condições de vida; do outro, na Zona-A, a classe alta, à qual pertencem o protagonista e a vítima, cada vez mais distantes do que é ser humano, praticamente imortais, com a sua segurança garantida pela sua fisiologia alterada que também lhes traz "tendências" que podem ser controladas medicamente.
É precisamente devido a estas tendências da vítima que Suttle tem a oportunidade de contactar com a "verdadeira humanidade" e se vê aos poucos capaz de a reconquistar em si. Entretanto, um enredo de policial de voltas e reviravoltas que envolve sociedades secretas, conspirações e magia.
Abnett desde o início da trama que adopta uma visão maioritariamente científica para a pandemia, a cura e a morte do vampiro. Essa visão perde vigor nas etapas finais da narrativa tendo que se recorrer a uma explicação mágica da morte que desilude e faz menos coesa a obra. As diferentes sugestões de resolução ao longo da história (a sociedade secreta, a substituição do pai pelo filho) acabam por ser mais interessantes que o final que obtemos - uma não tão típica história de vingança. O fim indicia continuidade e embora Abnett não tenha "tido pernas" para concluir de forma satisfatória, o miolo é cativante e faz querer conhecer mais este mundo.
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