23 de Outubro de 2014

Embora com um dia de atraso, continuamos a nossa visita aos bastidores do AmadoraBD 2014.
Desçamos, então, até ao piso -1. 
Relativamente ao ano passado há algumas mudanças em termos de disposição. À entrada da sala deparamo-nos com o espaço comercial que será ocupado pela Loja do AmadoraBD e pelos diferentes vendedores.
A necessidade de invenção por motivos económicos é mais uma vez realçada e recorre-se a mais um argumento: o ecológico. A reciclagem de materiais de cenários é imperativa e, aparentemente, alguns dos painéis usados remontam aos tempos iniciais do festival com 20 anos de uso.

Neste piso podemos encontrar, distribuídas em sentido horário, as seguintes exposições: 

Ao nível das crianças.
1) Catarina Sobral - Prémio Nacional de BD 2013: Ilustração de Livro Infantil.
A tradição portuguesa na ilustração infantil é forte e temos inúmeros prémios internacionais nessa área (palavras do sr. director). 
Catarina Sobral é a vencedora dos PNBD 2013 na área da ilustração infantil e, como é agora comum, tem direito a exposição própria. Esta exposição terá em conta o público alvo da autora e teremos uma colocação considerada dos quadros expostos.

O 3D numa exposição 3D.
2) Jim Curioso: Viagem ao Coração do Oceano.
O mais recente livro publicado pelas Edições Polvo surpreende não só por não se tratar per se de uma banda desenhada mas também por investir na única moda verdadeiramente eterna - o 3D.
Importada de França, esta exposição sobre a obra de Matthias Picard vai exigir dos visitantes o uso de óculos 3D, como não podia deixar de ser.

3) BDLP - Prémio Nacional de BD 2013: Melhor Fanzine
A Banda Desenhada de Língua Portuguesa  (BDLP) é uma colaboração entre o estúdio angolano Olindomar e o Grupo português Extractus, trata-se de um fanzine de publicação semi-regular e que faz a ponte entre o espaço bedéfilo angolano e português.

Super Suíno.
4) A exposição dedicada ao BDLP encontra-se intercalada por outra dedicada a Osvaldo Medina, recipiente do Prémio Nacional de BD 2013 na categoria de Melhor Desenho de Autor Português, pelo seu trabalho na obra Super Pig: A Roleta Nipónica. Embora seja dedicada primariamente a essa obra julgo que também fará parte da exposição uma recapitulação da carreira de Osvaldo Medina enquanto autor de bd. No momento da visita, esta secção do piso encontrava-se em plena colocação dos quadros que iriam ser expostos.

5) Henrique Monteiro - Prémio Nacional de BD 2013: Melhor Álbum de Tiras Humorísticas.
Em continuação com o esquema das coisas, mais uma exposição dedicada a um dos vencedores do PNBD, desta feita, na área do Cartoon.

6) Sala de Projecção - onde se apresentarão várias animações em colaboração com a Festa da Animação 2014.

"Toomi!"
7) Surfista Prateado - Prémio Nacional de BD 2013: Clássicos da 9ª Arte.
A personagem criada por Stan Lee e Jack Kirby em 1966 tem exposição própria já que ganhou o prémio Clássicos da 9ª Arte o ano passado. Nesta altura já se suspeita um padrão...

Há ainda um espaço dedicado ao Atelier de banda desenhada, para miúdos e graúdos que se queiram aventurar na criação de uma bd.
Para além destes, temos ainda os locais de exposição dos participantes no Concurso Nacional e uma exposição específica dos 25 anos do FIBDA intitulada "25 anos, 25 autores, 25 cartazes" que não precisa de outro tipo de descrição.

De regresso ao piso 0, houve uma sessão para esclarecimento de dúvidas onde a timidez geral surpreendeu, principalmente, por contrastar com as vozes onlines tão activas que têm discutido fervorosamente este festival nos últimos tempos. 
Após isso, foi-nos permitido ir à sala de emolduração, onde se pôde observar as diversas obras a serem expostas no espaço para as publicações portuguesas de 2013 e alguns originais manipulados cuidadosamente na sua preparação para estas próximas duas semanas.

Comentários finais: 
O FIBDA ou AmadoraBD ou o que lhe quiserem falar é o maior festival português de banda desenhada que, embora tenha tido cortes recentes consideráveis, continua a usufruir de um orçamento "decente" para a sua realização. 
Este esforço por parte da câmara Municipal da Amadora traz-nos muita alegrias como amantes da nona arte mas também traz muitas preocupações. A principal tem que ver com a divulgação do festival que é, todos os anos, deixada para a última hora.
A ideia de uma visita de bastidores parece-me uma boa alternativa a uma conferência de imprensa já que permite uma exploração do terreno. Mas esta visita traz consigo aspectos menos positivos, pois permitiu perceber que embora resulte de "um trabalho de mês e meio" (palavras do Director Nelson Dona), a 4 dias da sua abertura ainda havia um longo caminho para percorrer.
Outra preocupação minha tem que ver com a dependência do festival (mais de metade das exposições) dos premiados do ano anterior. Compreende-se que manter as coisas a nível nacional permita uma certa contenção de custos mas há mais opções para além da autofagia que se verifica.
Como positivo temos um excelente trabalho de cenografia e um festival de nível internacional em terras lusas a um custo bastante acessível.
Apesar das críticas, a verdade é que o AmadoraBD realiza-se todos os anos, tem impacto e alimenta polémicas (que não é necessariamente negativo, já que dá algum dinamismo ao nosso nicho).
Este ano vou principalmente pela exposição "Galáxia XXI" e também pela curiosidade de ver o espaço completo em todo o seu esplendor. Recomendo vivamente a ida.

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