R. Kikuo Johnson
Toon Books, 2012
40 págs., tetracromia
R. Kikuo Johnson foi galardoado em 2006 com o prémio Russ Manning Most Promising Newcomer Award (incluído na infame cerimónia dos Eisner Awards) pela sua bd, Night Fisher.
Dois anos depois, Françoise Mouly, editora nos anos 80 da Raw (a mítica revista de bd) e, actualmente, do New Yorker, criou a Toons Books com o intuito de publicar bd de qualidade para um público algo negligenciado: crianças.
O resultado da colaboração dos dois é o recontar de uma lenda havaiana - The Shark King - a história de Nanaue, o filho do deus-tubarão Kamohoalii e da sua esposa humana Kalei.
Só se pode elogiar o aspecto visual deste livro que, numa altura em que cada livro tem de ter uma identidade própria e um estatuto de objecto de culto (versus objecto de cultura?), se nota fazer parte de uma colecção. O padrão do menino com corpo de livro e cabeça de filactera (balão das falas na banda desenhada) estende-se da lombada até à capa e contracapa e deve ficar muito bonito junto aos seus colegas de colecção numa estante. O interior não fica atrás, com um traço que faz lembrar Alex Toth ou David Mazzucchelli ( na sua versão anterior a Asterios Polyp) e muito próximo (quase encostado) da ligne claire europeia. Um estilo colorido e fácil de seguir e entender, apropriado para a faixa etária a que se dirige.
Em relação à história, não há muito a dizer, é relativamente linear, sem grandes surpresas. A principal crítica prende-se à personagem Kalei. Numa sociedade que se auto-proclama cada vez mais igualitária no que toca a géneros, a representação do género feminino neste livro não é muito favorável. A mãe de Nanaue é um exemplo de passividade. As situações flagrantes são o seu abandono por parte do marido e do filho, e o livro termina com uma aceitação serena desse abandono. Se quisermos justificar dizendo que se trata de uma reinterpretação fiel da lenda, então que dizer da omissão do canibalismo de Nanaue? Não é o melhor exemplo a dar às meninas...
Esquecendo isso é um livro bonito para crianças. Aliás, é bd bonita para crianças. Com o aceitar crescente da bd para graúdos, os miúdos andam a ser um pouco negligenciados ou, pelo menos, este tipo de banda desenhada não é tão publicitado. O que é preciso não esquecer é que a maioria dos actuais leitores de bd começou a ler em criança...
Em relação à história, não há muito a dizer, é relativamente linear, sem grandes surpresas. A principal crítica prende-se à personagem Kalei. Numa sociedade que se auto-proclama cada vez mais igualitária no que toca a géneros, a representação do género feminino neste livro não é muito favorável. A mãe de Nanaue é um exemplo de passividade. As situações flagrantes são o seu abandono por parte do marido e do filho, e o livro termina com uma aceitação serena desse abandono. Se quisermos justificar dizendo que se trata de uma reinterpretação fiel da lenda, então que dizer da omissão do canibalismo de Nanaue? Não é o melhor exemplo a dar às meninas...
Esquecendo isso é um livro bonito para crianças. Aliás, é bd bonita para crianças. Com o aceitar crescente da bd para graúdos, os miúdos andam a ser um pouco negligenciados ou, pelo menos, este tipo de banda desenhada não é tão publicitado. O que é preciso não esquecer é que a maioria dos actuais leitores de bd começou a ler em criança...