"...the cage..." |
Martin Vaughn-James
Coach House Books, 2013
192 págs., P&B, digital
Há coisas que nos ultrapassam, que desafiam a nossa compreensão e que resistem como mistérios insondáveis.
Em 1975, Martin Vaughn-James publicou The Cage, o seu "romance visual" que surge na sucessão de uma série de livros que exploram a noção natural de "se duas páginas, porque não dez?".
The Cage caracteriza-se pela sua ausência de personagens, toda a existência humana sugerida pelos espaços e objectos dos sentidos (como muito bem enunciado por Seth na introdução), cada página, uma vinheta, uma janela única para corredores e paisagens que drenam umas nas outras, uma auto-referenciação espacial e temporal, como um novelo cujo início e fim estão escondidos no seu interior. As imagens clinicamente desenhadas são acompanhadas por um texto igualmente enigmático, comentário do que é observado, interpretação do que não é. Um universo distante do concreto e real.
Se calhar a jaula ou gaiola que Vaughn-James descreve é a nossa realidade, o nosso cérebro ou o tempo. O autor declara-se como órfão da obra, tal a vida que esta ganhou para além de si e, talvez, da sua inspiração inicial.
A minha interpretação? A jaula é a página, a vinheta que usamos para explorar o mundo interior do livro. E o desconforto e perplexidade que obtemos da leitura trá-la para dentro de nós.
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