"Just looking for my head." |
Andrew MacLean & Mike Spicer
Image Comics, 2016
280 págs., tetracromia, capa mole
"Head Lopper é o Conan do século XXI." - disse alguém, algures, posso ter sido eu. Pronto, fui eu.
Andrew MacLean conseguiu, fruto do seu trabalho, trazer o seu éxito independente, financiado no Kickstarter, ao mainstream (há quem alegue que a Image Comics é independente, mas confundem o conteúdo com o continente) do comic americano.
"Head Lopper" é protagonizado por Norgal, um guerreiro viking hipertrofiado (haverá outro tipo de bárbaro?) que traz na mão mais uma espada desproporcional e às suas costas a cabeça da bruxa azul Agatha, que, miraculosamente e infelizmente para Norgal, está viva e nunca se cala. Norgal explora neste volume a ilha Barra e numa série de pequenas missões faz jus ao seu epíteto: há, efectivamente, inúmeras decapitações e nem é preciso que o oponente esteja vivo ou seja humano.
Não há muito mais a dizer em termo de enredo, são explorados temas muito batidos da fantasia, o passado de Norgal é ignorado de forma exemplar, tocado de forma extremamente superficial. Na verdade, nada é dito sobre como chegou ao lugar da narrativa ou até o significado de andar com a cabeça de uma bruxa atracada a si.
Julgo ser esse mesmo o propósito de MacLean, divertir-se e aos outros (a Agatha é a pérola deste livro, carismática, de onde deriva a maioria do humor e, incrivelmente, com muito poucos insucessos nessa área) e mostrar que tudo o resto é acessório (não é algo que me seja particularmente atraente, espero que venha desenvolver a personagem no futuro).
Se em termos de escrita o gosto pela a fantasia heróica é clara - é homenagem e algum pastiche -, mais ainda reconhecíveis são as suas influências artísticas.
"MacLean tem um estilo que é uma mistura de Mike Mignola com Michael Avon Oeming" - disse alguém, algures. Desta feita não fui eu. Acho que li no Goodreads, vão à procura, não posso fazer tudo por vós.
Quando vi pela primeira vez a arte de MacLean, o Mignola nele saltou-me logo à vista (evitei habilmente a cegueira), nem pensei no Oeming (não é alguém que admire ou em quem sequer pense. Já o Mignola é tão dreamy...). Há o traço e a colocação dos negros que denunciam a importância do criador de Hellboy na formação artística de MacLean.
O que mais gostei de ver neste volume foi a evolução no desenho que se tornou mais seguro e sólido com o passar dos capítulos, claramente a partir do terceiro, também colorido por MacLean, e ver o autor crescer e criar um estilo seu mas ainda familiar. Suspeito que será um artista bem diferente no fim do próximo volume.
"Head Lopper" é uma leitura irmã de "Rumble". Com os seus protagonistas de parcas palavras, as suas espadas gigantes e as suas monstruosidades decapitáveis, ocupam o mesmo nicho de formas ligeiramente diferentes. Se houver interesse por um, haverá pelo outro.
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