"i just can't deal with your drama anymore!" |
Michael DeForge
Koyama Press, 2012
44 págs., P&B
A obra de Michael DeForge é uma de estranho desconforto. As histórias que nos conta têm uma ligação ténue à nossa realidade, com uma lógica e atitudes muito próximas às nossas mas com diferenças bizarras, até grotescas, e completamente naturais. O nosso desconforto é o de quem sabe que há algo de errado nessa naturalidade mas não consegue apontar bem o quê.
Lose é a one-man anthology à laia dos autores independentes americanos dos anos 90 que DeForge começou em 2009. Este quarto número, auto-intitulado "The Fashion Issue", é uma mistura de estilos e formatos que representa bem o que DeForge tem vindo a desenvolver ao longo da sua curta mas muito produtiva carreira. Tangencialmente relacionadas com o tema, temos narrativas que: prestam homenagens distorcidas a outras personagens de bd ("Queen Video"); são sobre doenças que aos poucos substituem o corpo humano por um tecido muito semelhante à indumentária associada ao sadomasoquismo ("Someone I know") ou que fazem que toda a vida animal, humana ou não, tenha a cara de uma adolescente específica ("The Sixties"); exploram os hábitos e costumes da família real canadiana (Canadian Royalty: their lifestyles and fashions) e, finalmente, numa sucessão de tiras curtas falam, talvez, sobre auto-percepção ("Abbey Loafer").
A temática da transformação corporal e da auto-imagem e rebelião contra o que somos parecem atravessar todas as histórias. O que se destaca é precisamente a abordagem escolhida, nunca linear e, repito, algo desconfortável para o leitor. O estilo de desenho varia ao longo do livro e adapta-se a cada história, normalmente simplificado e imediato mas, por vezes, capaz de um pormenor obsessivo que, embora não acrescente muito ao enredo, ajuda à ambientação, contribuindo especialmente o seu excelente uso de contrastes.
DeForge é um nome que tenho ouvido incessantemente estes últimos anos, sempre pela positiva, seja pela crítica mais "séria", por outros autores que admiro ou devido às suas múltiplas nomeações para vários prémios de bd, para além de ser designer numa das minhas séries de animação favoritas - Adventure Time. Ele está à cabeça da nova leva de autores de bd independente norte-americana e parece-me ser uma posição merecida. Contudo, a verdade é que ainda não me convenceu completamente embora, à velocidade que produz material novo e também pela sua idade jovem, tenha mais do que tempo para o fazer.
Lose é a one-man anthology à laia dos autores independentes americanos dos anos 90 que DeForge começou em 2009. Este quarto número, auto-intitulado "The Fashion Issue", é uma mistura de estilos e formatos que representa bem o que DeForge tem vindo a desenvolver ao longo da sua curta mas muito produtiva carreira. Tangencialmente relacionadas com o tema, temos narrativas que: prestam homenagens distorcidas a outras personagens de bd ("Queen Video"); são sobre doenças que aos poucos substituem o corpo humano por um tecido muito semelhante à indumentária associada ao sadomasoquismo ("Someone I know") ou que fazem que toda a vida animal, humana ou não, tenha a cara de uma adolescente específica ("The Sixties"); exploram os hábitos e costumes da família real canadiana (Canadian Royalty: their lifestyles and fashions) e, finalmente, numa sucessão de tiras curtas falam, talvez, sobre auto-percepção ("Abbey Loafer").
A temática da transformação corporal e da auto-imagem e rebelião contra o que somos parecem atravessar todas as histórias. O que se destaca é precisamente a abordagem escolhida, nunca linear e, repito, algo desconfortável para o leitor. O estilo de desenho varia ao longo do livro e adapta-se a cada história, normalmente simplificado e imediato mas, por vezes, capaz de um pormenor obsessivo que, embora não acrescente muito ao enredo, ajuda à ambientação, contribuindo especialmente o seu excelente uso de contrastes.
DeForge é um nome que tenho ouvido incessantemente estes últimos anos, sempre pela positiva, seja pela crítica mais "séria", por outros autores que admiro ou devido às suas múltiplas nomeações para vários prémios de bd, para além de ser designer numa das minhas séries de animação favoritas - Adventure Time. Ele está à cabeça da nova leva de autores de bd independente norte-americana e parece-me ser uma posição merecida. Contudo, a verdade é que ainda não me convenceu completamente embora, à velocidade que produz material novo e também pela sua idade jovem, tenha mais do que tempo para o fazer.