18 de Novembro de 2020


O Planeta Satélite está nas livrarias da especialidade do Porto a Lisboa (Mundo Fantasma, Dr. Kartoon, Kingpin Books, Legendary Books, Tinta nos Nervos e Kult Games).

Também pode ser comprado através da minha loja no bigcartel ou do e-mail planetasatelite@gmail.com. 

Para aqueles que me encomendarem directamente há algumas surpresas incluídas no pedido. Uma delas é um original A6 de uma das personagens deste número do Planeta Satélite. Lamento, não é escolha do freguês, é o que calhar mas, como podem ver acima, não corre nada mal.

São 4 euros mais portes (o que perfaz 6,15€ para território nacional e  7,35€ para o estrangeiro) por 22 páginas de bd, a preto, branco e cinzas, em português num formato comic americano tradicional (17x26 cm). Pensem nisso e mandem-me mail, ok?

10 de Novembro de 2020

Imaginem-se chegados ao cinema, compram o bilhete e com ele entregam-vos um papel dobrado várias vezes. Quando o desdobram descobrem uma bd que resume a história da saga de filmes que, por acaso, chegou ao fim com o filme que vão ver agora. Um lembrete útil e bonito num mundo ideal.

4 de Novembro de 2020






O Planeta Satélite número 2 acabou de chegar!

São 22 páginas de banda desenhada em português e a preto e branco. 

Este número reúne 4 histórias. Duas em continuidade, a abrir e encerrar a revista, e duas autoconclusivas, no miolo da coisa:

 "A Cidade de Dis" começa com um prólogo: após cair, Iblis descobre-se num mundo inóspito mas sabe que algures há uma porta que o pode salvar.

"Retrato" é a banda desenhada com a qual concorri ao Concurso de Banda Desenhada de Odemira. É uma bd romântica sobre aparências, preconceitos e amor.

"Dream Sequence" era a bd que ia enviar para a revista kuš que tinha como tema "The End" (o produto final conta com as participações de Cátia Serrão, Francisco Sousa Lobo e Joana "Mosi" Simão). Na altura tinha revisto o documentário "David Lynch: The Art Life" e a descrição de um episódio da infância de Lynch marcou-me particularmente.

"Hipnotopia" é uma fantasia urbana sobre a importância dos sonhos. Luís é um trabalhador de meia-idade pouco diferenciado que sente que a vida tem cada vez menos para lhe oferecer mas as oportunidades por vezes surgem de onde menos se espera.

A revista custará 4 euros. Poderão encontrá-la nas lojas de especialidade e através do meu e-mail (planetasatelite@gmail.com). Mais pormenores em breve.

O próximo número prevê-se para Abril de 2021.


P.s.: Esqueçam o primeiro Planeta Satélite, era uma história de 24 páginas publicada em 2017, sem qualquer relação com este, excepto o nome e o autor.

29 de Outubro de 2020

 

Hipnotopia é uma bd mais longa minha que será desenvolvida ao longo do próximo ano (e mais além?) sobre um homem de meia idade que tem poucas razões para sonhar e que vai encontrá-las da forma mais inesperada possível. É uma fantasia urbana com inspiração em todas aquelas séries da Shonen Jump que envolvem equipas de pessoas a combater monstros abomináveis e que espero que consiga ultrapassar essa premissa.

Sairá em episódios de 8 páginas a preto e branco e em português na nova "Planeta Satélite" (disponível muito em breve nas lojas de especialidade e através do próprio autor) e a cores e em inglês na revista internacional "Tales from Afar" coordenada pelo talentoso Daniel da Silva Lopes, a sair também muito em breve na plataforma Comixology.

Estou bastante satisfeito com o que fiz, o que não é normal. Cá fica a amostra.

25 de Outubro de 2020

Olá.

Este blogue cumpriu uma função específica durante vários anos: escrever sobre banda desenhada, inspirado pelas minhas leituras casuais.

A minha "interacção" com a bd foi, entretanto, mudando. Sempre tive o gosto pelo desenho e esse gosto provinha da banda desenhada, mas nunca ao ponto de arriscar fazer  bd. Sentia que era algo que me ultrapassava. 

A meio do meu percurso académico comecei a ouvir um podcast intitulado Indie Spinner Rack, apresentado por uma dupla clássica da comédia, o straight man Mr. Phil e o desvairado Charlito. A energia que transmitiam nos episódios aparentemente caóticos do podcast era contagiante. Afastados do mainstream Marvel, DC e Image, os arqueólogos Phil e Charlie, revelavam um mundo escondido da bd: os independentes dos anos 80 e 90 e, cada vez mais, dos anos 00 deste novo século.

Nessa altura comecei a suspeitar que era possível eu conseguir fazer bd, as pessoas entrevistadas pela dupla eram pessoas acessíveis e "normais, cujo desejos e vontades eram semelhantes aos meus. Mas a minha hesitação e insegurança foi sempre adiando a primeira vez. Até 2012.

Em 2012 mudei de casa uma segunda vez no espaço de 2 anos, avançando cada vez mais para sul, e cheguei a Sintra. A proximidade física à Amadora fazia pensar noutro tipo de possibilidades. O concurso de bd da Amadora era um objectivo já pensado antes mas agora, aqui tão perto, parecia inevitável. 

Chegada a véspera do concurso não tinha uma página feita e a minha frustração chegara ao ponto de ruptura. Era agora ou nunca! Em duas horas e a ouvir em repetição umas poucas de dezenas de vezes o Three White Horses do Andrew Bird, fiz os lápis da página: imagem e texto. No dia seguinte, num intervalo de 20 minutos no trabalho, acabei com uma caneta preta rafeira o que faltava, ainda a tempo de entregar as páginas nos Recreios da Amadora. E assim desenguicei. Ou não.

A minha motivação parecia estar associada ao concurso especificamente. Duas novas participações em 2013 e 2015. Esporádica e ingloriamente.

Em 2017, mais uma onda de frustração e decidi, precipitadamente, inscrever-me para ter mesa na Comic Con Portugal. Precipitadamente porque não tinha nada para mostrar quando o fiz. Até dezembro fiz duas bds, o primeiro "Planeta Satélite", uma bd muda de 20 páginas sobre uma menina numa cidade de monstros e o primeiro "Tiny Comics" (um conjunto de 20 tiras de humores vários) e uma bd a coleccionar as minhas histórias candidatas aos concursos da Amadora com alguns restos de histórias inacabadas (acrescentam-se também umas 3 ilustrações que venderam muito mal e que ainda vão acabar na reciclagem). 

Finalmente começou a fazer sentido fazer bd. 

Desde então tenho feito bd de forma regular, colaborado com mais pessoas e investido em diferentes projectos. 

Infelizmente, o projecto que era este blogue foi-se perdendo no meio dessas outras iniciativas e, portanto, de forma a não se perder completamente, deve ser reformulado. 

E chegámos aqui, a um novo propósito. Vou colocar cá as coisas que vou fazendo, sem grande critério, a manter o espírito da coisa, mas diferente.

May 30, 2020

"Cookies fix everything."
SHUTTER VOL. 1 : WANDERLOST
Joe Keatinge, Leila Del Duca & Owen Gieni
136 pages, cmyk, digital


"Wanderlost" colects the first six issues of the comic book series "Shutter". 
If you're expecting something about traveling and photography you'll be sorely disappointed with this book. But you won't be alone in your disappointment. 

"Wanderlost" is about Kate Khristopher, heiress to her father, apparently one of the greatest explorers the world has ever seen. It's the family business: discovering new things and bringing them to light. Kate is over that, she's disenchanted with the world and is now photographing people's dreams. Quirky. The world is a great ball of mess: animals talk; the police fly, well, flying saucers; there are theriomorphic gangster lions roaming the streets and robots and everything imaginable. And still the world is disenchanting. Kate was right. It lacks structure, any kind of logic and seems to have been put together by a god that hasn't thought it through. 
That god is Joe Keatinge. 

Far from his Glory (badumtss) days, Keatinge seems rushed and inconsistent, every chapter has the same kind of beats (let's end it with a cliffhanger!) and much of the same information is repeated: Kate discovers she's not her father's only daughter and her siblings are bad news. 136 pages of this. Everybody in her life knew about them except her. They're waiting for her, or rather, they're not. They're not good people. They want her dead but they don't. They're bad. Except her younger brother. Let's run away!
Kate is underdeveloped and she's not alone, every character is a sum of characteristics. But characteristics do not make character, so the reader ends up not caring that much for them. 

Leila Del Luca's art is the best thing about the book, it's flexible and fun, although sometimes it feels less refined and that's where Owen's Gieni colors make it just okay. 

There's a lot of unfulfilled potential here, it just needed a second or third draft.

30 de Maio de 2020

"Cookies fix everything."
SHUTTER VOL. 1 : WANDERLOST
Joe Keatinge, Leila Del Duca & Owen Gieni
136 págs., tetracromia, digital



A determinada altura inscrevi-me no NetGalley, um sítio  online onde podemos requerer leituras avançadas de conteúdos ainda por publicar. 
Parecia-me uma boa ideia, em troca de uma versão digital, escrever uma análise do que foi lido. Fácil. Até eu perder o controlo e requerer mais do que escrevia. 
Meia década depois decidi limpar a consciência e reler as coisas sobre as quais não escrevi e finalmente fazê-lo. Um desses livros era o primeiro volume de "Shutter" de Joe Keatinge e Leila Del Duca.
"Wanderlost" colecciona os seis primeiros números do comic e...bem, são uma treta. Calma, não é só uma entrada a pés juntos, "Wanderlost" tem coisas boas mas peca muito por ser insípido e lento. 
Vou começar pelo negativo. 
Primeiro, 136 páginas é o dobro das páginas necessárias para se contar o que se passou: Kate Khristopher é filha e herdeira de um explorador de coisas fantásticas e esse parece ser o negócio de família; parece estar a viver um momento de maior desencanto pela vida;  dez anos após a morte do seu pai descobre que não era filha única e conhece o seu irmão mais novo; e é isto. Tudo o resto é supérfluo, o mundo fantástico com criaturas extraordinárias que não é verdadeiramente explorado (não há estrutura, só criaturas teriomórficas, discos voadores, robôs, deuses intergalácticos...), a inconsistência das personagens (a caçadora de recompensas que mata toda a gente só para parecer um desafio mais tarde e acabar por não o ser, a irmã que a quer morta e já não quer), o desenvolvimento lento e, pior, a repetição repetida e repetitiva de conceitos que já todos (o leitor e a protagonista) integrámos e ultrapassámos: Kate tem irmãos e eles são maus e estão lá mas afinal não estão e a ama "General" dela sabe coisas e afinal já não sabe, etc. Frustrante.
Parece ter sido feito à pressa e sem grande planeamento por detrás. Keatinge já fez coisas bem melhores que isto. Nem todos os capítulos precisam de acabar com um cliffhanger!
O mais divertido foram as referências ao mundo de Richard Scarry (a vida da minhoca com o chapéu tirolês enveredou por caminhos mais sombrios) , Felix the Cat (adoro o design do Alarm Cat) e a Boris Vian (só o nome porque o surrealismo é fraquinho), que podiam ser boas influências a explorar mas são só superfícies mal polidas.
Já Leila Del Duca começa em modo de corrida, tem um estilo de desenho bonito e espontâneo com margem para crescer, já que denuncia um pouco o uso do digital (tenho essa sensação mas sem certeza). As cores de Owen Gieni ajudam ao traço de Del Duca, especialmente em algumas situações em que o desenho está menos refinado.
O potencial está todo ali, precisava era de ser mais mastigado pelo argumentista, em vez de regurgitado múltiplas vezes. Deixa um mau sabor na boca.