25 de Outubro de 2020

Olá.

Este blogue cumpriu uma função específica durante vários anos: escrever sobre banda desenhada, inspirado pelas minhas leituras casuais.

A minha "interacção" com a bd foi, entretanto, mudando. Sempre tive o gosto pelo desenho e esse gosto provinha da banda desenhada, mas nunca ao ponto de arriscar fazer  bd. Sentia que era algo que me ultrapassava. 

A meio do meu percurso académico comecei a ouvir um podcast intitulado Indie Spinner Rack, apresentado por uma dupla clássica da comédia, o straight man Mr. Phil e o desvairado Charlito. A energia que transmitiam nos episódios aparentemente caóticos do podcast era contagiante. Afastados do mainstream Marvel, DC e Image, os arqueólogos Phil e Charlie, revelavam um mundo escondido da bd: os independentes dos anos 80 e 90 e, cada vez mais, dos anos 00 deste novo século.

Nessa altura comecei a suspeitar que era possível eu conseguir fazer bd, as pessoas entrevistadas pela dupla eram pessoas acessíveis e "normais, cujo desejos e vontades eram semelhantes aos meus. Mas a minha hesitação e insegurança foi sempre adiando a primeira vez. Até 2012.

Em 2012 mudei de casa uma segunda vez no espaço de 2 anos, avançando cada vez mais para sul, e cheguei a Sintra. A proximidade física à Amadora fazia pensar noutro tipo de possibilidades. O concurso de bd da Amadora era um objectivo já pensado antes mas agora, aqui tão perto, parecia inevitável. 

Chegada a véspera do concurso não tinha uma página feita e a minha frustração chegara ao ponto de ruptura. Era agora ou nunca! Em duas horas e a ouvir em repetição umas poucas de dezenas de vezes o Three White Horses do Andrew Bird, fiz os lápis da página: imagem e texto. No dia seguinte, num intervalo de 20 minutos no trabalho, acabei com uma caneta preta rafeira o que faltava, ainda a tempo de entregar as páginas nos Recreios da Amadora. E assim desenguicei. Ou não.

A minha motivação parecia estar associada ao concurso especificamente. Duas novas participações em 2013 e 2015. Esporádica e ingloriamente.

Em 2017, mais uma onda de frustração e decidi, precipitadamente, inscrever-me para ter mesa na Comic Con Portugal. Precipitadamente porque não tinha nada para mostrar quando o fiz. Até dezembro fiz duas bds, o primeiro "Planeta Satélite", uma bd muda de 20 páginas sobre uma menina numa cidade de monstros e o primeiro "Tiny Comics" (um conjunto de 20 tiras de humores vários) e uma bd a coleccionar as minhas histórias candidatas aos concursos da Amadora com alguns restos de histórias inacabadas (acrescentam-se também umas 3 ilustrações que venderam muito mal e que ainda vão acabar na reciclagem). 

Finalmente começou a fazer sentido fazer bd. 

Desde então tenho feito bd de forma regular, colaborado com mais pessoas e investido em diferentes projectos. 

Infelizmente, o projecto que era este blogue foi-se perdendo no meio dessas outras iniciativas e, portanto, de forma a não se perder completamente, deve ser reformulado. 

E chegámos aqui, a um novo propósito. Vou colocar cá as coisas que vou fazendo, sem grande critério, a manter o espírito da coisa, mas diferente.

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