A profeta Marjane. |
Marjane Satrapi
Jonathan Cape, 2006
344 págs., P&B
É muito difícil não fazer comparações entre Maus e Persepolis, especialmente tendo em conta o intervalo entre as duas leituras. Ambos são biográficos, debruçam-se sobre o tema da guerra e são a preto e branco mas enquanto o primeiro parece afastar-se do registo da biografia para entrar no campo documental, o segundo parece bem alicerçado no género biográfico e, de certa forma, é a sua maior fraqueza.
Em Persepolis, Marjane Satrapi relata a sua vivência enquanto iraniana e vítima de opressão de um estado intolerante muçulmano.
Ao contrário de Maus em que há um filtro externo - nesse caso é Art Spiegelman que pensa sobre a vida do seu pai e no livro expõe essa vertente reflectida da narrativa - o filtro de Satrapi é o tempo, ela é a protagonista da sua história.
Originalmente publicado em 4 volumes pela editora francesa L'Association, o livro divide-se em duas partes: The Story of a Childhood, que, como o nome indica, abrange a infância até a sua saída do Irão e The Story of a Return, sobre o seu regresso a casa após as suas experiências em Viena.
O desenho simples, a preto e branco, não é de um virtuosismo desmedido, se há momentos eficazes de storytelling/découpage, a verdade é que não entusiasma.
Em relação ao que é contado, à parte a revisão histórica e religiosa do Irão, a descrição do clima sufocante de perseguição e de censura, a luta e rebelião evidente e oculta, tudo se centra na figura de Marjane: criança-profeta, adolescente-punk e mulher-artista. É aqui que as coisas começam a desinteressar-me.
Não consigo lidar bem com os pequenos episódios de drama pessoal e adolescente, mesmo que se passem na adolescência de Marjane. Não me identifico. O que faz sentido, a protagonista é do género feminino, nunca chega a fazer parte da faixa etária em que me encontro e está a passar por coisas que nunca vivi: perseguição religiosa e intelectual, consumo de drogas, etc.
A verdade é que já tinha visto o filme antes de ler a bd (que chega a ser mais eficaz em determinadas sequências, um exemplo, o crescimento disforme de Marjane), claro que ser a seguir ao Maus também não ajudou, acredito que provavelmente terei uma melhor opinião numa segunda leitura. Portanto, espero poder dizer mais algo nessa altura.
Em Persepolis, Marjane Satrapi relata a sua vivência enquanto iraniana e vítima de opressão de um estado intolerante muçulmano.
Ao contrário de Maus em que há um filtro externo - nesse caso é Art Spiegelman que pensa sobre a vida do seu pai e no livro expõe essa vertente reflectida da narrativa - o filtro de Satrapi é o tempo, ela é a protagonista da sua história.
Originalmente publicado em 4 volumes pela editora francesa L'Association, o livro divide-se em duas partes: The Story of a Childhood, que, como o nome indica, abrange a infância até a sua saída do Irão e The Story of a Return, sobre o seu regresso a casa após as suas experiências em Viena.
O desenho simples, a preto e branco, não é de um virtuosismo desmedido, se há momentos eficazes de storytelling/découpage, a verdade é que não entusiasma.
Em relação ao que é contado, à parte a revisão histórica e religiosa do Irão, a descrição do clima sufocante de perseguição e de censura, a luta e rebelião evidente e oculta, tudo se centra na figura de Marjane: criança-profeta, adolescente-punk e mulher-artista. É aqui que as coisas começam a desinteressar-me.
Não consigo lidar bem com os pequenos episódios de drama pessoal e adolescente, mesmo que se passem na adolescência de Marjane. Não me identifico. O que faz sentido, a protagonista é do género feminino, nunca chega a fazer parte da faixa etária em que me encontro e está a passar por coisas que nunca vivi: perseguição religiosa e intelectual, consumo de drogas, etc.
A verdade é que já tinha visto o filme antes de ler a bd (que chega a ser mais eficaz em determinadas sequências, um exemplo, o crescimento disforme de Marjane), claro que ser a seguir ao Maus também não ajudou, acredito que provavelmente terei uma melhor opinião numa segunda leitura. Portanto, espero poder dizer mais algo nessa altura.