8 de Dezembro de 2018

"Adiós, Eva."
COSMONAUTA
Pep Brocal
Astiberri Ediciones, 2017
172 págs., dicromia, capa mole


Deus existe. Deus existe e a Humanidade está perdida.

Quando uma catástrofe destina a Terra à sua inevitável destruição, o conglomerado global reúne uma série de candidatos para viajar até aos limites do espaço em busca do Criador.
Héctor Mosca é um dos cosmonautas cuja missão é interpelar o Todo-Poderoso e pedir uma segunda oportunidade à Humanidade. Ou será?

Não se deixem enganar pela premissa quasi-ficção científica, o "Cosmonauta" é um livro intimista sobre a vida de um homem e a forma como este a interpreta.
Cheio de voltas e contravoltas, o enredo serve o objectivo de nos dar a conhecer Héctor e como ele lida com a solidão e as decisões tomadas no passado. Uma espécie de mapa pessoal do seu confronto com a inexorabilidade da vida e da morte.

O desenho de Pep Brocal é intuitivamente familiar - uma espécie de David Rubín amadurecido, sem extravagâncias de traço, essencial nas suas escolhas -, cartunismo puro de exagero e representação. A escolha inspirada de optar por duas cores principais, nenhuma delas em sincronia com o delinear das personagens e ambientes, acrescenta à sensação da simplicidade que esconde a complexidade das ideias exploradas.

Pela sua fluidez, profundidade de conceitos e capacidade de ficar na memória do leitor, o "Cosmonauta" é de leitura obrigatória. Para ler assim que se tiver oportunidade porque, como o livro ensina, não há segundas chances.

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